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Notícia - Conselho Regional de Química - IV Região

Notícia 

 


Do diagnóstico ao tratamento: as contribuições da Química na oncologia

 

As células cancerosas consomem mais glicose que os tecidos normais. A descoberta contribuiu, anos atrás, com o desenvolvimento do farmoquímico fluorodeoxyglucose.

 
A Comissão Técnica de Serviço de Saúde promoveu dia 27/10 o seminário de Química Medicinal com o objetivo de falar sobre a importância da Química no combate ao câncer. O evento está em sinergia com o outubro rosa e o novembro azul, movimentos voltados à conscientização sobre os cânceres de mama e próstata, respectivamente.

Danielle da Costa Silva, doutora em Ciência e Tecnologia/Química pela Universidade Federal do ABC e pós-doutora em Química pela Universidade de São Paulo, deu início a palestra explicando que a formação de um tumor acontece a partir da presença de fatores extrínsecos (ex. tabagismo) e/ou intrínsecos (fatores genéticos) que podem provocar mutações celulares, desencadeando a doença. A metástase acontece quando essas células doentes atingem os vasos linfáticos e entram na corrente sanguínea, se desprendendo do local primário da doença e atingindo outros órgãos.

Dados estatísticos mostram que o câncer de próstata é o segundo que mais mata homens no País, atrás apenas do câncer de pulmão. Em relação ao câncer de mama, o Sudeste é a região onde se concentra o maior número de casos. É importante lembrar que ele também pode acometer os homens, embora em índices muito inferiores.

A palestrante ressaltou que a Química Medicinal é uma área pluridisciplinar que engloba ciências como a biologia, bioquímica, farmacologia, biofísica, e que envolve técnicas analíticas sofisticadas, computação e inteligência artificial. Ela busca contribuir com a melhoria dos processos que envolvem a produção dos fármacos.

A Química Medicinal também pode contar com a colaboração da Química de Produtos Naturais. Compostos identificados em plantas podem ser utilizados como agentes terapêuticos para diversas doenças. É o caso do paclitaxel, obtido da casca da árvore teixo e utilizado no tratamento do câncer.

O olaparib, utilizado no tratamento do câncer de mama e ovário, e o trastuzumabe, utilizado no tratamento do câncer de mama, são exemplos de fármacos produzidos com o auxílio da Química Medicinal. Durante o processo de desenvolvimento de uma nova medicação, são realizados testes que avaliam as suas propriedades farmacocinéticas e toxicológicas, ou seja, como ele será absorvido, metabolizado, distribuído, excretado, e se ele pode causar algum dano ao corpo humano.

Por fim, Danielle mencionou o caso dos sarcomas, tipo de câncer que acomete as chamadas regiões moles, como cabeça, pescoço, coxa, glúteo e tronco. São tumores raros, mas que possuem alta mortalidade e em sua maioria são tratados de forma cirúrgica. Esses fatores despertaram o interesse de Danielle e de outros pesquisadores que juntos vêm realizando estudos com o objetivo de descobrir fármacos que possam contribuir no tratamento.

A segunda palestra foi ministrada por Fabio Luiz Navarro Marques, doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) na área de oncologia experimental. Ele atua no setor de Radiofarmácia do Centro de Medicina Nuclear da FMUSP e é orientador no programa de pós-graduação em oncologia dessa mesma instituição, além de supervisor/orientador do programa de especialização em Radiofarmácia do Hospital das Clínicas.

Segundo ele, hoje o câncer não é considerado uma única doença, já que são mais de 100 tipos, com diferentes propriedades. As técnicas aplicadas no diagnóstico oncológico envolvem exames laboratoriais para detecção de proteínas associadas ao câncer e exames de imagem, como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Outras técnicas, como o Spect, Pet e o Pet/CT, são realizadas com o auxílio de radiofármacos - moléculas radioativas que são injetadas no paciente e se depositam em células cancerosas, ficando visíveis no exame de imagem.

Marques explicou que átomos radioativos, ou seja, que apresentam um desbalanço entre prótons e nêutrons, buscam a neutralidade emitindo uma série de partículas, entre elas o raio x e o raio gama. Essas radiações são capazes de ultrapassar o corpo do paciente e ser detectadas pelos equipamentos de imagem, informando a localização do tumor e melhorando a eficácia do tratamento.

O especialista disse que as células cancerosas, em geral, consomem muito mais glicose que os tecidos normais. Essa descoberta contribuiu, anos atrás, com o desenvolvimento do farmoquímico fluorodeoxyglucose, por exemplo, que possui propriedades análogas à glicose e quando injetado no paciente se acumula nas células cancerosas, permitindo que elas fiquem visíveis no exame de imagem.

Entre outros vários radiofármacos, há os que acompanham o metabolismo da colina, molécula associada ao processo de duplicação celular (as células cancerosas se multiplicam com mais rapidez) e outros que acompanham a hipóxia, condição de baixa concentração de oxigênio (células cancerosas apresentam concentração inferior de oxigênio). Apesar de exigir um radiofármaco mais caro, pesquisas mostram que acompanhar a atividade proliferativa das células é mais efetivo que acompanhar a atividade glicolítica.

Segundo Marques, atualmente existem 472 clinicas de medicina nuclear no país, com maior concentração no Sudeste (64%).

O encontro foi mediado pela Química Sandra Quintanilha, membro da Comissão Técnica. O evento segue disponível no canal do Conselho no YouTube

 

Publicado em 31/10/2022


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