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Notícia - Conselho Regional de Química - IV Região

Notícia 

 


O uso de produtos químicos no controle de escorpiões
 

CFQ

 

A veterinária Cibele Rocha fez sua apresentação durante a Expoprag

A médica veterinária e bióloga Cibele Rocha, especialista em vigilância sanitária e controle de qualidade de alimentos e em manejo e controle de vetores e pragas urbanas, deu um curso durante a ExpoPrag 2022 sobre Manejo e Controle de Escorpiões de Importância Médica.

Cibele salientou a importância de um trabalho multilateral e do uso de substâncias químicas como formas de controle da infestação desses aracnídeos, já que a erradicação é considerada impossível pelos especialistas. Por causa de vários fatores biológicos, órgãos ligados à saúde pública desaconselhavam o uso de produtos químicos no combate a esses animais. Cibele Rocha mostrou, porém, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem realizando uma série de testes e possui parâmetros para as novas substâncias químicas capazes de combatê-los. Ela mostrou alguns estudos e recomendou principalmente o princípio ativo Bifentrina 10/20%, porque o escorpião não percebe a presença dessa substância.

Segundo a especialista, é preciso cuidado ao escolher o produto: “É necessário conhecer bem o seu grupo químico, o princípio ativo ao qual o produto pertence, a sua formulação, para fazer a escolha correta. O escorpião tem estruturas que vão identificar o produto químico que tem um princípio ativo cuja ação é repelente ou irritante. Então, quando ele percebe [o produto], ele anda em saltos e sai daquele local de abrigo, o que denominamos de desalojamento. E ao perceber, ele fica mais estressado, o que aumenta o risco de acidentes”.

Cibele afirmou que a química tem evoluído muito, auxiliando o combate a essa praga: “Hoje nós temos princípios ativos que não têm o radical ciano e que o escorpião não consegue perceber, ou ele percebe menos no ambiente. Nós temos produtos mais eficazes, mais seguros principalmente para ambientes internos, onde temos pessoas e animais domésticos, produtos menos irritantes, produtos com menos odor. Então são produtos mais seguros, não só para as pessoas, para o meio ambiente, mas indicados para o controle dos escorpiões”.

Controle - Ela alertou que os escorpiões são perigosos para os seres humanos por causa de seu veneno, que é armazenado na ponta da cauda. Todos possuem veneno, mas nem todo veneno apresenta perigo para os seres humanos.

No Brasil, o Tityus é o gênero de escorpiões causadores dos acidentes que podem levar a óbito. Esses animais adaptam-se facilmente às condições que encontram, e por isso podem ocorrer em áreas com lixo acumulado e em locais com ausência de predadores.

O escorpionismo tornou-se um problema de saúde pública no mundo. A cada ano são registrados 1,5 milhão de acidentes com escorpiões que resultam em aproximadamente 2.600 óbitos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. No Brasil os acidentes têm aumentando muito nos últimos dez anos, ultrapassando o número de ocorrências com cobras. São registrados cerca de 50 mil casos por ano no País, principalmente nas épocas mais quentes.

Cibele falou sobre a fauna escorpiônica do Brasil e quais espécies são mais comuns em cada local, explicando que as regiões norte e nordeste são as que têm mais riqueza de espécies. A família Buthidae tem 82 espécies no Brasil que estão adaptadas às áreas urbanas e são os maiores causadores de acidentes.

andrey_barsukov/ Pixabay

Peçonhentos - Os escorpiões são animais peçonhentos e podem causar acidentes que podem levar a óbito pelo veneno ou por reação anafilática. Essa reação alérgica ao veneno do escorpião é mais comum em pessoas que são alérgicas a picadas de abelhas. Os animais conseguem controlar a quantidade de veneno inoculado e também secretam e inoculam o chamado pré-veneno, que provoca muita dor imediata, mas não causa morte. A maior parte dos acidentes com escorpiões não leva à morte por causa da inoculação apenas deste pré-veneno.

O veneno do escorpião contém mais de 10.000 toxinas, principalmente neurotoxinas, das quais se conhece apenas 1%, ou seja, há muito o que estudar sobre esse tema. A absorção do veneno é muito rápida e atinge órgãos vitais, por isso, em caso de picada, a vítima deve buscar atendimento médico em no máximo 2 horas. Os casos graves ou fatais no Brasil estão relacionados a três espécies: Tityus bahiensis, Tityus serrulatus e Tityus stigmunas.

Cibele mostrou detalhes da anatomia dos escorpiões, sua carapaça e detalhes de seu corpo, patas e demais órgãos, além de dados sobre as formas de reprodução. Informou que eles têm hábitos noturnos, vivem em frestas, embaixo de troncos, entre tijolos, em locais degradados com lixo e entulho, em vegetações próximas a muros e em locais úmidos. Preferem sair à noite em busca de alimento e ficam mais inativos durante o dia. Sobrevivem muito tempo em jejum; algumas espécies, como T. serrulatus, podem ficar até 400 dias sem alimentos, mas precisam de água com frequência.

Reprodução - A especialista mostrou como se dá a reprodução dos escorpiões, revelando que existe a reprodução sexuada e a assexuada, quando os óvulos se desenvolvem sem fecundação de um macho, originando apenas fêmeas. Cinco das espécies que têm essa reprodução assexuada vivem no Brasil, sendo a Tityus serrulatus a mais importante. A maioria das fêmeas também é capaz de se reproduzir por iteroparidade, ou seja, elas guardam esperma do macho para as três ou quatro próximas gestações.

O escorpião T. serrulatus tem o veneno mais letal e é o mais perigoso no Brasil, principalmente em Minas Gerais e em São Paulo. Ele é considerado uma espécie exótica, invasora. Hoje é a espécie que mais preocupa porque é encontrado em todo o País.

 

Publicado em 29/09/2022


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