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Jul/Ago 2020 

 


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Ortodontia - Pesquisa multidisciplinar cria cimento ortodôntico que elimina microrganismos


Objetivo agora é saber se o material pode combater também o novo coronavírus


Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP, em conjunto com o professor Oswaldo Luiz Alves, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveram uma formulação que transforma o cimento utilizado na colagem das peças de aparelhos ortodônticos em um inibidor da colonização de bactérias, fungos e vírus. O estudo pode ajudar no combate a várias doenças ligadas à odontologia e até mesmo ao novo coronavírus.
 

Pexels.com
Aparelhos dificultam a higiene bucal, o que facilita o surgimento de microrganismos que causam doenças

A professora e coordenadora da pesquisa, Andréa Cândido dos Reis, do Departamento de Materiais Dentários da Forp, explica que a inovação está na adição do vanadato de prata nanoestruturado ao cimento aplicado na colagem das peças de aparelhos ortodônticos, usados para corrigir imperfeições na arcada dentária. “Conseguimos propor um cimento com propriedades físico-químicas e mecânicas favoráveis para a manutenção e fixação do aparelho, mas que também apresenta propriedades antimicrobianas”, disse a especialista em entrevista ao Jornal da USP.


Em conversa com o Informativo CRQ-IV, o professor Oswaldo Luiz Alves conta que começou a trabalhar com o vanadato de prata em 2009, durante projeto de seu então aluno de doutorado Raphael Holtz. Aquelas pesquisas foram feitas no Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES), do qual Alves é coordenador científico, no Instituto de Química da Unicamp.
 

Naquele projeto, continua, foi demonstrado que o material se apresentava na forma de nanofios de vanadato de prata, decorados com nanopartículas de prata. De acordo com o pesquisador, um estudo realizado em 2010 mostrou que o nanomaterial apresentava uma atividade antibacteriana elevadíssima, “quase 100 vezes superior ao antibiótico oxacilina, frente a três cepas de Staphylococcus aureus, o que o tornou um candidato altamente promissor para sua aplicação em problemas relacionados com fungos e bactérias.
 

Estudos mais detalhados através da microscopia eletrônica de transmissão mostraram que as nanopartículas de prata que decoravam os nanofios de vanadato de prata se agrupavam, aleatoriamente, formando uma figura inusitada que lembrava o Mickey Mouse, célebre personagem de Walt Disney. O então “NanoMickey” correu mundo por meio do YouTube, sendo também divulgado em diversos sites e revistas científicas.

LQES
Nanofios de vanadato de prata "decorados" por nanopartículas de prata. No detalhe, o "NanoMickey", figura que se forma com o agrupamento das nanopartículas


 

“Em projetos posteriores, realizamos estudos de ecotoxicidade, bem como a formulação de uma tinta antibacteriana visando a aplicação em ambientes hospitalares”, explica Alves. Em 2013, juntamente com o grupo da professora Andréa Cândido dos Reis, da Forp, Alves começou a trabalhar na construção de uma plataforma de aplicação do vanadato em odontologia, tirando partido de sua atividade antibacteriana.
 

A iniciativa permitiu a formulação de materiais com diferentes concentrações de vanadato de prata decorado com nanopartículas de prata, sendo suas atividades antibacterianas avaliadas in vitro. Resinas acrílicas, polímeros, porcelanas e, finalmente, os cimentos utilizado na fabricação de aparelhos ortodônticos estavam entre os materiais desenvolvidos durante o projeto.
 

A ideia básica estava ligada à criação de uma situação que inibisse a colonização de bactérias, fungos e vírus, estudos que, salienta Alves, tiveram a participação efetiva de pesquisadores químicos. As investigações geraram duas patentes envolvendo a Unicamp e a USP, comemora o coordenador do LQES/Unicamp.
 

“Em 2005, quando nos foi outorgado o Prêmio Fritz Feigl pelo CRQ-IV, já trabalhávamos com nanopartículas de prata visando sua aplicação em tecidos antibacterianos. Acreditamos que a participação de Químicos, graças à sua formação abrangente e aprofundada, permite uma contribuição relevante na solução de problemas envolvendo materiais e nanotecnologia e, consequentemente, suas aplicações práticas”, avalia Oswaldo Luiz Alves.

Forp Divulgação
Andréa Reis, da Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto, e Oswaldo Luiz Alves, coordenador científico do LQES, da Universidade Estadual de Campinas


 

CORONAVÍRUS – Como muitas pesquisas científicas mostram o potencial antiviral da prata, desde o início da pandemia do novo coronavírus a equipe da professora Andréa Cândido dos Reis vem realizando testes com os materiais utilizados no cimento odontológico com objetivo de descobrir possíveis efeitos contra esse patógeno. “Acreditamos que em breve teremos resultados positivos”, afirma a pesquisadora. “Os resultados [dessas pesquisas] estão sendo esperados com grande expectativa pelas equipes”, concorda Alves.
 

Por si só, o uso do aparelho ortodôntico não causa cáries, mas ele pode servir como um fator de risco de retenção de restos alimentares quando não é realizada a correta higiene bucal. Isso cria um ambiente propício para o surgimento de bactérias, explica André Luís Botelho, pós-doutorando do Departamento de Materiais Dentários da USP de Ribeirão Preto e integrante da equipe da professora Andréa Reis.
 

Além de cáries, as bactérias podem causar problemas como a gengivite e a periodontite, que geram o mau hálito, sangramento gengival e até a perda de dentes, completa.
 

O objetivo de se adicionar o vanadato de prata ao cimento usado na fabricação de aparelhos ortodônticos é justamente inibir a formação de colônias não só de bactérias, como também de fungos e vírus.






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