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Jan/Fev 2010 

 


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Convite à participação em pesquisa: "Como as empresas inovam?"
Autor(a): Ana Maria dos Santos


A competição acirrada de nossos dias faz com que as organizações busquem incessantemente por formas de se diferenciar em suas atividades. Para atingir tal objetivo, a nova ordem nas estratégias das organizações é inovar.

Há organizações que se dizem inovadoras e realmente o são. Outras organizações, no entanto, apenas se declaram inovadoras na tentativa de transmitir a noção de modernidade à sociedade para cativá-la, para obter o seu reconhecimento, a sua aceitação e assim, conseguir auferir benesses desta relação.

Mas, como podemos saber se uma organização é, de fato, inovadora? “O que” uma organização faz e “como” ela faz para inovar? Em que circunstâncias a forma de inovar nas indústrias se assemelha à das atividades de serviços? Como se identifica o tipo de inovação realizada?

Essas são algumas das questões levantadas na pesquisa sobre organizações inovadoras que está sendo conduzida pela autora deste artigo. A ideia, aqui lançada, é convidar as organizações a participarem da pesquisa, contatando diretamente a autora no email pesquisa.inovar@gmail.com.

As atividades inovadoras das organizações participantes serão analisadas mediante um novo critério proposto na pesquisa. É garantida a confidencialidade às organizações interessadas em participar da pesquisa. A devolutiva do estudo será realizada ao final do trabalho e as organizações participantes poderão se beneficiar de sugestões de novas estratégias de inovação.


Discorrendo um pouco mais sobre o conceito da pesquisa

Existem incontáveis trabalhos sobre inovação – publicações acadêmicas, governamentais, comerciais – no entanto, nenhum deles é conclusivo e aponta uma “receita” definitiva, única e certa para inovar.

Isto é um indicativo de que a inovação continua sendo um campo fecundo para investigação e por isso as pesquisas nesta área se alastram.

Tão numerosos quanto os estudos sobre a inovação são os seus recortes. Para mencionar alguns exemplos, há pesquisas voltadas à inovação baseadas em diferentes portes de organizações, outras são focadas em atividades econômicas específicas, algumas são mais direcionadas à gestão da inovação e há também aquelas que investigam a inovação em si, podendo ser um novo produto ou processo.

No exterior assim como no Brasil, as instituições governamentais emitem relatórios oficiais sobre as atividades inovativas das organizações; porém, normalmente os dados são apresentados de forma agregada e com isso os detalhes das inovações são perdidos.

A proposta desta pesquisa é compreender mais profundamente como as inovações estão ocorrendo independentemente das atividades econômicas exercidas pelas organizações participantes, sejam elas de indústria ou de serviços.

Para analisar as informações colhidas junto às organizações, o estudo utilizará ferramentas teóricas distintas que auxiliam na investigação da atividade inovativa, bem como na avaliação de sua adequação à organização estudada.

Alguns fundamentos teóricos para auxiliar na reflexão sobre a inovação

Para sabermos se uma organização é realmente inovadora, podemos recorrer à definição de inovação. Segundo o dicionário da Academia Brasileira de Letras (2008) “a inovação é uma coisa introduzida há pouco tempo nos usos, costumes, legislação, doutrina, etc; novidade”.

Do ponto de vista de alguns estudiosos do assunto, como por exemplo Tidd, Bessant e Pavitt (2008), “a inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas”. Em outros trabalhos, como o de Nelson (2006) “o termo inovação é interpretado de forma ampla, para englobar os processos pelos quais as empresas dominam e põe em prática projetos de produtos e processos produtivos que são novos para elas, mesmo que não sejam novos em termos mundiais, ou mesmo nacionais".

Desses poucos exemplos podemos extrair a ideia de que não há um consenso absoluto e definitivo sobre a inovação; de certa forma ela está nos olhos de quem a vê.

Sendo assim, talvez também seja importante conhecer como a inovação acontece, quais são as suas causas e as suas consequências.

Primeiramente é fundamental esclarecer que a inovação possui uma ligação umbilical com a Economia, que buscou compreender as origens da inovação, a sua relação com o conhecimento científico, com a tecnologia e seus impactos sobre a sociedade.

Também é imperativo lembrar os trabalhos de Joseph Schumpeter, economista austríaco que explicava a inovação como um processo de destruição criativa, no qual buscava-se sempre algo novo, destruindo-se os conceitos antigos. (TIDD et al., 2008).

No entendimento de Schumpeter (1950), os empresários eram motivados a buscar a lucratividade de seus empreendimentos por meio da inovação tecnológica, que lhes conferia uma vantagem sobre a concorrência por algum tempo.

A inovação tecnológica, por sua vez, está associada à mudança tecnológica, ou seja associada à mudança do paradigma (ou do padrão) tecnológico. O surgimento de um novo paradigma tecnológico representa, na verdade, uma ruptura da trajetória tecnológica de determinada área do conhecimento (DOSI, 1982).

Normalmente a inovação resultante da descontinuidade da trajetória tecnológica é chamada de inovação radical. A possibilidade de apropriação dos lucros provenientes da adoção de uma inovação radical é um dos grandes atrativos deste tipo de inovação.

Quando as mudanças ocorrem de forma contínua e progressiva em uma trajetória tecnológica têm-se a inovação incremental. Este tipo de inovação é mais comum do que o anteriormente mencionado e de modo geral é o mais praticado pelas organizações.

Ao longo da história ocorreram muitas mudanças de paradigmas tecnológicos que conduziram à grandes inovações. A emergência da química, da física e da biologia como sólidas ciências fundamentais durante as últimas décadas do século XIX foi acompanhada por vários desenvolvimentos que mudaram a natureza da inovação técnica no setor produtivo (NELSON, 2006).

No caso específico da indústria química podemos citar grandes mudanças tais como os desenvolvimentos da química dos polímeros e do conceito de operações unitárias.

A química dos polímeros forneceu uma base tecnológica comum para o desenvolvimento de aplicações e diferenciação de produtos em cinco mercados distintos: plásticos, fibras, borracha, produtos para tratamento de superfícies e adesivos.

O desenvolvimento do conceito de operação unitária (em 1915) e da própria engenharia química, permitiram a segmentação dos processos químicos em um número limitado de componentes básicos, comuns à muitas linhas de produtos. Isso possibilitou a separação entre inovação de processo e inovação de produto (MALERBA, 2005).

Assim como no caso da indústria química, poderíamos apontar outros exemplos de mudanças tecnológicas e de inovações nas indústrias de telecomunicações, de equipamentos, de produtos farmacêuticos e dos produtos obtidos via biotecnologia.

Do ponto de vista da Economia, na visão de Schumpeter, as diversas épocas econômicas são marcadas por diferentes agrupamentos de tecnologias e ramos associados. Uma longa “expansão” é estimulada toda vez que um novo conjunto de tecnologias e ramos passa a existir, ativando os investimentos e uma ampliação das atividades econômicas (NELSON, 2006).

Assim, a longa “expansão” dos primeiros anos do século XIX esteve vinculada ao aumento da produção de tecidos, de ferro, de carvão, e de máquinas a vapor. Por sua vez, a expansão que começou em meados de XIX esteve associada ao crescimento das ferrovias e da fabricação de aço. E o boom dos primeiros anos do século XX foi introduzido pelo advento da indústria automobilística, da energia elétrica, seus sistemas e produtos associados, e pelas modernas indústrias químicas (NELSON, 2006).

As especificidades da inovação em serviços

Na esteira do desenvolvimento industrial surgiram novas atividades de serviços. Posteriormente à Segunda Guerra Mundial, as economias ocidentais foram marcadas por um crescimento das atividades de serviços, acompanhadas por um declínio das atividades de manufatura.

Esta transformação ainda suscita vários questionamentos sobre a organização industrial, a criação de emprego, o crescimento econômico e o comércio internacional. Consequentemente, tornou-se cada vez mais importante também compreender a inovação nas atividades de serviço.

Para compreendermos a inovação nas atividades de serviço é necessário que primeiramente saibamos conceituar serviço. Conforme assinala Silva e Meirelles (2006) “serviço é única e exclusivamente realização de trabalho em processo”.

No clássico artigo Innovation in services, Gallouj e Weinstein (1997) explicam que o entendimento da inovação em serviços é difícil por dois motivos; primeiro porque que a teoria da inovação foi desenvolvida com base na análise da inovação tecnológica das atividades de manufatura.

Em segundo lugar, devido às especificidades das atividades de serviço, torna-se difícil mensurar seus resultados pelos métodos econômicos tradicionais e detectar melhorias ou mudanças.

Gallouj e Weinstein (1997) propõem um modelo para explicar a inovação em serviços que contempla tanto as competências do fornecedor, como as competências do cliente no serviço.

Para explicar este modelo, tomemos como exemplo as instituições financeiras. Os bancos revolucionaram a forma de interação com os clientes ao implementar o serviço de autoatendimento, demandando competências de seus clientes para operar os caixas automáticos.

Neste exemplo, além das competências da instituição financeira e das competências dos clientes envolvidas na atividade de serviço, há também componentes decorrentes de inovações tecnológicas (como por exemplo, equipamentos e sistemas de informação).

Em serviços há outros modos de inovação, além da radical e incremental, que foram citadas anteriormente. Isso é explicado no modelo de Gallouj e Weinstein (1997) como uma decorrência das diferentes combinações entre as competências dos fornecedores e a dos clientes, além das características técnicas das diversas atividades de serviço.

Sob esta perspectiva, a inovação pode se manifestar de várias formas nos diferentes tipos de serviço, desde as atividades mais simples, como os serviços de alimentação, às atividades de maior complexidade, como alguns serviços médicos.

Se o resultado final da atividade inovadora pode ser influenciado pelos indivíduos que dela participam, também cabe refletirmos sobre o que temos feito para inovar. Em que extensão inovamos e como o fazemos? O que entendemos por inovação?

“Quero acrescentar o argumento de que são as diferenças organizacionais, especialmente as diferenças nas aptidões para gerar as inovações e obter lucros a partir delas, mais do que as diferenças de domínio de determinadas tecnologias, as fontes de diferenças duráveis – e dificilmente imitáveis – entre as empresas” (NELSON, 2006, p. 191).

Essas aptidões mencionadas por Nelson (2006) são conhecidas como habilidades, quando tratadas no nível de indivíduo. Fecha-se, portanto, o ciclo: - aparentemente muito da atividade inovadora está em nossas mãos, como indivíduos.

Por este motivo é tão importante investigar, entender e exercer a inovação.


Referências

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário escolar da língua portuguesa. 2. ed. - São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

DOSI, G. Technological Paradigms and Technological Trajectories: A Suggested Interpretation of the Determinants and Direction of Technical Change. Research Policy, 11: 147-162. 1982.

GALLOUJ, F.; WEINSTEIN, O. Innovation in services. Research Policy, v. 26, p 537-556. 1997

MALERBA, F. Sectoral systems of innovation: a framework for linking innovation to the knowledge base, structure and dynamics of sectors”. Econ. Innov. New Techn.vol. 14(1–2), January–March, pp. 63–82. 2005

NELSON, R. R. As fontes do crescimento econômico. Campinas: Editora da Unicamp, 2006. 504 p.

SCHUMPETER, J. Capitalism, socialism and democracy. New York: Harper and Row, 1950.

SILVA E MEIRELLES, D. O conceito de serviço. Revista de Economia Política, v. 26, no 1(101), janeiro-março, pp. 119-136. 2006

TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da Inovação. Porto Alegre: Bookman, 2008. 600 p.

 


 

A autora é Engenheira Química pela FEI, mestre em Engenharia Química pela Poli/USP, especialista em Administração de Empresas pela FGV e doutoranda nessa área pela Universidade Mackenzie. Contatos pelo e-mail pesquisa.inovar@gmail.com.



 





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