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Nov/Dez 2012 

 


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Ferro pode se transformar em platina?
Autor(a): Antonio Carlos Massabni


Em outubro passado, meios de comunicação de todo o mundo reproduziram notícia divulgada pelo The New York Times, importante jornal norte-americano, dando conta de que pesquisa realizada por Paul Chirik, professor da conceituada Universidade de Princeton, possibilitou a substituição da platina (Pt) pelo ferro (Fe) como catalisador de algumas reações químicas. Sem dúvida, o trabalho de Chirik é notável e abre perspectivas importantes para o estudo de novos processos químicos e o reestudo de processos já conhecidos. Porém, a imprensa não especializada exagerou ao sugerir ser possível transformar um metal em outro.
 
Midas é aquele rei da mitologia grega a quem se atribui a fama de transformar tudo que tocava em ouro. Talvez, acreditando nessa lenda, os alquimistas tentaram em vão, por muitos séculos, transformar metais comuns como ferro e chumbo (Pb) em ouro (Au) ou platina.
 
O Fe é o elemento de número atômico 26 e o metal mais abundante do universo. O núcleo da Terra é formado principalmente de ferro e níquel. Por ser comum, o Fe é muito barato. Ele se oxida facilmente em presença de oxigênio e água e se transforma em óxidos e hidróxidos (misturas conhecidas como “ferrugem”). O Fe desempenha importante papel nos processos biológicos, uma vez que faz parte da hemoglobina e da mioglobina do sangue, responsáveis pelo transporte de oxigênio para o cérebro.
 
Já a Pt é um metal de número atômico 78. Por ser raro e pertencer à classe dos metais nobres, é muito caro. É pouco reativo e resistente à corrosão. Participa de muitos processos catalíticos.
Poucas toneladas de Pt são produzidas por ano no mundo inteiro.
 
Alguns de seus compostos se tornaram muito conhecidos porque são usados desde 1978 no tratamento do câncer. O primeiro destes compostos é um complexo de Pt de fórmula cis-[PtCl2(NH3)2], conhecido como cisplatina.
 
O que Paul Chirik, de apenas 39 anos, descobriu é que o Fe pode ser usado em algumas reações que, pelo o que se sabia até então, só eram possíveis tendo a Pt como catalisador. O uso do Fe em lugar da Pt permite a produção de substâncias importantes para a indústria química a um custo muito menor em vista da abundância desse metal no planeta.
 
A descoberta do pesquisador da Universidade de Princeton abre perspectivas para uma revisão de processos químicos industriais que usam a Pt no sentido de torná-los mais eficientes e baratos. Muitos desses processos destinam-se à fabricação de produtos como tecidos, medicamentos, bebidas e baterias, que certamente poderão se tornar mais acessíveis se os estudos confirmarem a viabilidade técnica e econômica da substituição não só da Pt como de outros metais raros, como irídio (Ir) e ródio (Rh), por metais mais abundantes e baratos.
 

Professor titular e ex-diretor do IQ da Unesp/Araraquara, o autor é conselheiro suplente do CRQ-IV e frequente colaborador deste Informativo. Contatos pelo e-mail amassabni@uol.com.br.

 
 




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