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Nov/Dez 2001 

 


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Controle de processo na manufatura de cosméticos
Autor(a): por Sérgio Carvalho de Araújo


Para aqueles não diretamente envolvidos em alguma forma de produção, a idéia de fabricar um cosmético pode ser encarada como uma tarefa simples. Por que não? Os empregados envolvidos na produção estão providos de fórmulas, usam matérias-primas aprovadas e tem as instruções básicas de operação das máquinas dedicadas. O que poderia ser mais direto? Tudo o que tem de ser feito é seguir as instruções e a loção, condicionador, hidratante ou shampoo saltarão da linha de produção. Infelizmente, não é tão simples assim.
 
Muitos gerentes de produção, com certeza, irão dizer que procedimentos de rotinas são raramente rotina na prática e que problemas inesperados ocorrem nas horas mais inconvenientes. Um exemplo típico é quando uma matéria-prima, embora apresentando as mesmas propriedades, varia da anteriormente utilizada. Esta variação pode causar mudanças físicas no produto final, como variações de cor e viscosidade. Inesperadas quebras de equipamentos, por sua vez, podem provocar atrasos no calendário de produção, requerendo algum tipo de revisão no tempo de processamento para cumprir os prazos estabelecidos. Estes problemas são inevitáveis e nem podem ser detectados. Problemas causados por erros de produção, entretanto, podem ser minimizados com o estabelecimento de um eficiente sistema de controle de processo. É sobre isto que queremos falar neste artigo.

A maioria dos cosméticos e produtos de higiene e limpeza são fabricados pelo processo de batelada devido à diversidade de produtos em quantidades que vão de 50 Kg a 200 Kg. Para manufatura de grandes quantidades, existem unidades de produção de larga escala dotadas de controles computadorizados e programas de monitoramento. No processo de batelada, o monitoramento e o controle estão nas mãos do operador.

O time de garantia da qualidade

Hoje, a maioria das fábricas adota alguma forma de gerenciamento da qualidade total (TQM) para assegurar a qualidade do produto e a eficiência da produção. TQM é o sucessor natural dos primeiros e simples sistemas de controle da qualidade. No TQM, a qualidade do produto final é responsabilidade tanto do pessoal da produção quanto do pessoal de apoio, passando por todos os níveis de gerências. Os objetivos básicos são manter e melhorar a qualidade do produto final e reduzir custos de produção com a adoção de medidas preventivas ao invés de rastrear e reparar produtos com problemas. Outras funções incluem a melhoria de todos os aspectos de segurança da produção e o encorajamento da responsabilidade corporativa.

O controle de processo

O controle de processo no sistema de batelada, como já comentamos, está nas mãos do operador. Este controle se estabelece efetivamente quando um manual de boas práticas ou especificações técnicas, que deve ser do conhecimento de todos, é regiamente seguido. Todas as informações desnecessárias devem ser omitidas e a prática do "não sabe, pergunte" deve se tornar rotina. Os procedimentos de uso e manipulação de materiais perigosos, assim como os procedimentos em caso de acidente devem estar disponíveis. As especificações técnicas para o controle de processo precisam ser claras e objetivas de modo a não permitir ao operador alternativas ou dúvidas na execução de suas tarefas.
 
Durante a produção de um cosmético, o controle de processo pode ser dividido nas seguintes etapas: adição dos ingredientes, controle da temperatura de processo, controle do pH, controle da viscosidade, controle da velocidade da mistura, controle da cor do produto e controle da água de processo. A seguir, descreveremos brevemente cada uma destas etapas.
 
Adição dos ingredientes - Cada uma das matérias-primas deve ser introduzida no reator ou tanque de produção na ordem estabelecida no método de produção que contém a fórmula do produto. O método de produção, além da fórmula do produto, deve indicar o tempo de produção, a velocidade de adição das matérias-primas, meios de eliminar a geração de espuma e uma agitação não homogênea. Materiais adicionados em pequenas quantidades devem ser pesados separadamente e cuidados especiais devem ser tomados para assegurar que todo material seja transferido para o produto a partir do enxague do recipiente usado na pesagem. As balanças usadas para pesar as matérias-primas devem ser aferidas anualmente nas instituições de pesos e medidas oficiais. Quando bombas são utilizadas para a transferência de matérias-primas para os tanques de produção os operadores devem certificar-se de que a vazão está correta.
 
Controle de pH - Uma vez que todos os cosméticos são produzidos para serem utilizados em alguma parte do corpo humano, o controle do pH é muito importante para evitar efeitos adversos. O controle industrial pode ser realizado através da utilização de eletrodos diretamente inseridos nos tanques de produção e conectados a um equipamento de leitura digital, permitindo assim uma contínua verificação do pH. Estes eletrodos têm compensação de temperatura e são facilmente removíveis para limpeza.
 
Controle de viscosidade - Viscosidade é um importante atributo da maioria dos cosméticos líquidos, embora o seu controle seja arbitrário e difícil de ser feito e ajustado durante a produção. Isto se deve à natureza pseudoplástica e tixotrópica dos cosméticos, pois ambas são usualmente afetadas por forças de cisalhamento aplicadas durante o processo de mistura. Deve-se considerar ainda que há uma variável de tempo para que o produto atinja a viscosidade verdadeira e que a temperatura também pode afetar essa característica. Na maioria das vezes, a viscosidade é medida em equipamentos de laboratório. Embora possíveis, medidas feitas diretamente no tanque de produção podem não indicar a real viscosidade do produto acabado.
 
Velocidade de mistura - Quando estão sendo formulados loções e cremes emulsificados, produtos de alta espuma e produtos viscosos é importante considerar o tipo de agitador e a sua velocidade de rotação. Uma boa idéia é ter um indicador e um controlador de velocidade ligado ao agitador principal ou rotor. Em alguns casos difíceis, as especificações do controle de processo devem definir o tanque a ser usado, o tipo de agitador e a velocidade de rotação em cada estágio da produção.

A cor do produto - A cor desempenha um importante papel em todos os produtos cosméticos e é um dos primeiros atributos a ser percebido pelos consumidores. Ao mesmo tempo, medidas de cor não fazem parte normalmente dos procedimentos de controle nos sistemas de batelada. A cor do produto geralmente é determinada em amostras retiradas do reator de processo, visualmente ou instrumentalmente através da comparação contra um padrão de referência sob condições de iluminação padrão. As amostras de referência devem ser guardadas no escuro, sob refrigeração e trocadas a cada seis meses. Medidas instrumentais tais como Lovibond Tintometer ou Hunter Tristumulus Colorimeter são úteis para eliminar as muitas variáveis que ocorrem nas determinações visuais de cor. A cor do produto é afetada por variações de materias-primas, concentração das soluções de cor adicionadas, temperatura de processo, pH da solução, qualidade da água e contaminação com metais.
 
Água de processo - A água é o principal constituinte da maioria das preparações cosméticas e pode ser a maior fonte de contaminação se a sua qualidade química e microbiologica não for monitorada regularmente. Sais de água dura são usualmente removidos da água por métodos de troca iônica após simples filtração, embora métodos mais caros, como destilação e osmose inversa, sejam também utilizados. O controle químico é normalmente realizado por uma contínua medida da condutividade da água, a qual indica também quando o sistema de troca iônica requer regeneração. A eliminação de microorganismos indesejáveis é obtida por contínua exposição da água à fontes de luz UV ou por tratamento com Ozônio. Uma grande fonte de contaminação pode ser a própria resina de troca iônica, a qual requer tratamento periódico para eliminar o acúmulo de microorganismos.
 



Químico Industrial formado pela Universidade Federal do Maranhão, mestre em Aplicações das Radiações Ionizantes na Indústria (IPEN-SP) e doutor em Físico-Química pelo Inst. de Química da USP, o autor desenvolve atividades no Disque-Tecnologia da USP e presta consultoria. Contatos pelo telefone (0xx11) 3818-2165 ou e-mail drsca@hotmail.com.
 




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