A Bolsa de Empregos CRQ-IV/Sinquisp é acessada todos os dias por empresas da área e consultorias de recursos humanos interessadas em pesquisar currículos para seus processos de recrutamento e seleção de pessoal. Como há mais de 700 currículos cadastrados e mesmo considerando os parâmetros utilizados nessas pesquisas, é comum que o sistema de busca apresente uma longa lista de nomes. Mas o que inicialmente fará as empresas abrirem alguns e descartarem outros é o conteúdo (ou a inexistência) dos pequenos currículos que aparecerão na tela do computador.
Em que pese o alerta colocado no formulário de cadastro chamando a atenção sobre a importância do preenchimento do campo “pequeno currículo”, uma rápida pesquisa no site mostra que muitos usuários simplesmente o ignoram. O resultado prático disso é que, quando as empresas fazem as pesquisas, os cadastros incompletos, em geral, são sumariamente desconsiderados. Em outras palavras, o profissional ou estudante reduz bastante suas chances de conseguir pelo menos uma entrevista por não ter observado uma orientação básica.
“Se eu tenho uma quantidade enorme de currículos, o que exibe apenas o nome é o primeiro que eu descarto”, adverte o administrador de empresas Paulo Roberto Alves, da PRA Consulting, consultoria que utiliza a Bolsa de Empregos para recrutar profissionais para seus clientes. No caso de estudantes ou recém-formados sem experiência, Alves recomenda que escrevam no “pequeno currículo” o direcionamento que pretendem dar à carreira, em que áreas gostariam de trabalhar.
Supervisor de Controle de Qualidade e responsável pela seleção de profissionais da química na indústria cosmética Color Way, o Técnico Químico José Luiz Auricchio acrescenta que os cursos extracurriculares na área química mostram esse direcionamento e devem ser explorados pelos candidatos a vagas de estágio.
A psicóloga Flávia Boschini, gerente de recrutamento e seleção de outra empresa que utiliza a Bolsa, a Meritor Desenvolvimento Humano, orienta que, para elaborar um bom pequeno currículo, “o profissional deve fazer um resumo de sua experiência profissional, procurando destacar os pontos mais fortes de sua atuação, os resultados alcançados e os projetos desenvolvidos”. Formação, cursos de pós-graduação e conhecimentos de idiomas também devem ser incluídos. Tudo isso, contudo, de modo resumido. As informações detalhadas estarão no currículo completo.
Uma dica dada pelos profissionais de seleção de recursos humanos: quem coloca seu currículo na internet deve fazer uso de palavras-chave referentes aos pontos fortes de sua carreira. Tal cuidado se justifica porque algumas empresas usam ferramentas de busca dos navegadores (o conhecido comando Ctrl F) para localizar, nos textos, pessoas com as características que procuram. Por exemplo, quem tem a atuação focada em controle de qualidade, deve se assegurar de que essas palavras estejam em seus históricos.
É muito comum os profissionais usarem o “pequeno currículo” para enumerar apenas características comportamentais (criatividade, dinamismo, facilidade para trabalho em equipe). “Tudo isso tem importância, mas nós vamos avaliar numa outra etapa”, explica Flávia Boschini, da Meritor. Há pessoas que chegam a usar todo o espaço do minicurrículo para descrições desse tipo, sem incluir nele um só ponto de destaque de seu conhecimento profissional.
Auricchio, da Color Way, explica que procura nos currículos “a graduação, o conhecimento prático-profissional e as empresas ou áreas em que o candidato atuou”. Segundo adverte, profissionais que destacam apenas aspectos de sua personalidade passam a impressão de que não têm experiência alguma.
Incoerências - Outro erro recorrente entre os que usam a Bolsa de Empregos CRQ-IV/Sinquisp é confundir o pequeno currículo com uma carta de apresentação. Expressões como “Ilmo. Senhor Diretor” ou “desejo tornar-me membro desta grande empresa” não cabem no cadastro que será divulgado num site. Além do aspecto de carta de apresentação, estes exemplos têm outras incoerências: dificilmente será um diretor quem fará a primeira seleção dos currículos, por isso de nada adianta escrever para ele; quando alguém diz que deseja “tornar-se membro desta grande empresa” pode dar a entender que não se interessa por trabalhar em companhias de porte menor.
Uma carta de apresentação só deve ser enviada para empresas que o candidato já conhece e/ou manteve algum contato anterior, orienta a gerente da Meritor. Mesmo quando o envio do currículo é direcionado, é preciso ter cuidado com expressões pré-fabricadas, muitas delas encontradas em currículos que estão na Bolsa, do tipo “tenho por objetivo prestar serviço de grande valia para a empresa (...)” e “(...) me dedicarei ao máximo trazendo a empresa grandes reconhecimentos (sic)”. Ao usar esse palavreado, “você acaba saindo do objetivo do processo que é mostrar quem de fato é”, explica Flávia Boschini.
Outro erro fatal é ficar relatando histórias de vida numa tentativa de conquistar o empregador pelo coração. “Usar o pequeno currículo para contar as dificuldades pelas quais passou simplesmente não funciona”, avisa Paulo Roberto Alves, da PRA Consulting. Só a apresentação das qualificações que procuram fará os empregadores chamarem os candidatos para entrevistas e possivelmente contratá-los. Uma empresa não é e nem se tornará uma instituição de caridade.
Vale salientar aqui outro alerta já feito pelo
Informativo. É preciso tomar cuidado para não se tornar repetitivo, bem como para não cometer erros primários de português. Levantamento recente feito pelo Conselho nos currículos em divulgação encontrou muitos textos integralmente escritos com letras minúsculas. Não usar maiúsculas no início dos períodos e nas outras situações em que elas são exigidas pelas normas gramaticais pode ser tolerado no MSN, em blogs e sites de relacionamento. O mesmo não vale para um texto que se propõe a apresentar um perfil profissional. Aliás, uma das habilidades muito valorizadas atualmente pelas empresas é a capacidade do funcionário se comunicar de forma clara. Textos mal escritos refletem uma formação deficiente e que pode causar problemas nas tarefas do dia-a-dia e até mesmo, dependendo da função exercida, comprometer a imagem da empresa junto ao público externo.
Leia primeiro - O cuidado inicial a ser tomado por quem pretende cadastrar seu currículo na Bolsa de Empregos é ler atentamente as regras e dicas de utilização. Não se exige que o usuário conheça detalhadamente todas as normas do idioma, mas é preciso tomar cuidado. Se tiver dúvida quanto à grafia de uma palavra, procure saná-la consultando um dicionário. Evite o excesso de gerúndios: no lugar de escrever “vou estar pretendendo estudar” escreva simplesmente “pretendo estudar”.
Mantenha seu currículo atualizado. Lembre-se que currículos não atualizados por mais de 90 dias são automaticamente apagados. Entenda por atualização não apenas o acréscimo ou retirada de informações do histórico. Mesmo que seus dados continuem os mesmos, é preciso acessar a Bolsa por meio do login e senha cadastrados pelo menos uma vez a cada três meses, pois só assim o Conselho saberá do seu interesse em continuar no site. E tão importante quanto: ao conseguir um emprego, retire seu currículo da Bolsa.
Os usuários que possuem programas de correio eletrônico com sistema antispam precisam habilitá-los para receber mensagens oriundas dos endereços do Conselho, indicados na página onde estão as regras de utilização da Bolsa. Quem não toma esse cuidado deixa de receber aviso quando uma nova vaga é inserida, além de outros comunicados importantes. Até mesmo e-mails enviados por possíveis empregadores podem ser barrados. Por isso, antes de fazer uso desses programas, procure saber exatamente como eles funcionam e, se for o caso, desative-os. O CRQ-IV, por exemplo, nunca atende aos pedidos de confirmação enviados por programas antispam. Considere que muitos empregadores podem agir do mesmo modo.
Sigilo - A Bolsa de Empregos permite ao usuário escolher entre três graus de confidencialidade ao cadastrar seu currículo: nenhum (todos os dados são divulgados), moderado (são ocultados o nome do candidato e o da última empresa em que trabalhou ou a atual) e completo (são divulgados apenas o pequeno currículo e o e-mail). Tendo em vista que o objetivo da Bolsa é justamente divulgar currículos, o mais recomendável é que se opte pela primeira ou pela segunda modalidade.
Seja qual for o grau de sigilo que escolher, o usuário deve ter em mente que o acesso à área de consultas (currículos e vagas) da Bolsa é livre. Ou seja, qualquer pessoa pode ler as informações lá contidas. Por isso, é essencial que todas as mensagens que supostamente decorram do currículo divulgado sejam analisadas com bom senso e critério. Desconfie, principalmente, se supostas consultorias de recursos humanos exigirem o pagamento de taxas para indicá-lo à uma vaga. Estes custos devem sempre ser pagos pelo empregador, que contrata a consultoria para fazer a seleção de profissionais. Não caia também na armadilha de que é necessário fazer um curso (e pagar por ele) para ingressar no emprego. O mesmo vale para o velho golpe do teste psicológico, o qual você paga caro para fazer e acaba sempre “reprovado”.
Conforme informado na página de instruções da Bolsa, o Conselho não atua como intermediador de contatos entre empresas e candidatos e vice-versa. Por isso, a responsabilidade por tais entendimentos é exclusiva das partes. Costuma-se dizer que não existe almoço grátis, o que é verdade. Assim, desconfie de propostas fantásticas e de garantias de que o emprego será seu se concordar em pagar uma pequena taxa.Os golpistas estão em todo lugar e conseguem sobreviver (e prosperar) por conta dos ingênuos e desinformados. Cuidado para não se tornar um deles.
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