Busca
Faça uma busca por todo
o conteúdo do site:
   
Acesso à informação
Bolsa de Empregos
Concursos Públicos (CRQ-IV)
Consulta de Registros
Dia do Profissional da Química
Downloads
E-Prevenção
Espaços para Eventos
Informativos
Jurisprudência
Legislação
LGPD
Linha do Tempo
Links
Noticiário
PDQ
Prêmios
Prestação de Contas
Publicações
QuímicaViva
Selo de Qualidade
Simplifique
Sorteios
Termos de privacidade
Transparência Pública
 

Jul/Ago 2017 

 


Matéria Anterior   Relação de Matérias

Iupac - Congresso mundial reuniu mais de 3,5 mil profissionais de 66 países




Natalia Tarasova, presidente da Iupac

Com o tema “Sustentabilidade e Diversidade através da Química”, o 46º Congresso Mundial de Química foi promovido pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) e pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) de 9 a 14 de julho, em São Paulo. Além de ter sido a primeira vez em que um país latino-americano recebeu o evento, esta edição também se notabilizou pelos números obtidos: 3.512 participantes originários de 66 países e 700 atividades científicas realizadas, além de 2.320 trabalhos de pesquisa apresentados.

“O Congresso Mundial de Química é o nosso equivalente a uma Copa do Mundo. É uma possibilidade única para que a comunidade científica de uma forma geral interaja com grandes pesquisadores brasileiros e estrangeiros”, definiu Aldo Zarbin, presidente da SBQ, entidade que completa quatro décadas de atividades em 2017 e realizou, de 9 a 14 de julho, a sua 40ª Reunião Anual.

Fotos: CRQ-IV e Edu Viana/SBQ

Zarbin: congresso equivaleu a Copa do Mundo

Em paralelo ao Congresso, foi realizada de 7 a 13 de julho a 49ª Assembleia Geral da Iupac, oportunidade em que sua presidente, Natalia Tarasova, confirmou a inclusão de quatro novos elementos na Tabela Periódica (TP) e anunciou a escolha da capital francesa, Paris, como sede do próximo congresso, a ser promovido de 5 a 12 de julho de 2019 e que irá celebrar o centenário de fundação da entidade internacional.

Anunciados pela Iupac em 30 de dezembro de 2015, os quatro elementos completaram os espaços restantes da sétima fileira da TP e foram batizados de Nihonium (Nh), número atômico 113; Moscovium (Mc), número atômico 115; Tennessine (Ts), número atômico 117; e Oganesson (Og), número atômico 118. Nenhum deles é encontrado na Natureza, tendo sido descobertos por meio de sínteses laboratoriais.

Em ocasiões anteriores, cerimônias para a validação de novos elementos foram realizadas apenas alguns meses depois das descobertas. Porém, desta vez, a Iupac deixou para fazer a ratificação cerca de um ano e meio depois do anúncio. “Vejam que o País de vocês é muito afortunado, pois esta é a primeira vez na história que quatro elementos são nomeados ao mesmo tempo. Esse é o nosso presente para o 40º aniversário da Sociedade Brasileira de Química”, declarou Natalia Tarasova durante entrevista.

 

 

49ª Assembleia Geral da Iupac ratificou a inclusão de quatro novos elementos na Tabela Periódica; nenhum deles é encontrado na Natureza


INDÚSTRIA – A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) representou as empresas da área no Congresso na condição de coorganizadora e também por meio de dois eventos próprios: um simpósio sobre química para inovação industrial e o 4º Seminário Abiquim de Tecnologia e Inovação.

Realizado nos dias 12 e 13 de julho, o Seminário teve quatro painéis principais: “Soluções Tecnológicas da Química para o Setor de Óleo & Gás”, “Desafios da Biotecnologia Industrial no Brasil”, “O Setor Químico e a Indústria 4.0” e “Venture Capital como Mecanismo de Fomento à Inovação”. A programação também contou com palestras sobre os seguintes temas: “Tecnologias de Conversão de Biomassa para Combustíveis, Químicos e Materiais”, “Status da Regulamentação do Novo Marco Legal de C, T&I”, “Embrapii - Apoiando a Inovação na sua Empresa”, e “Tecnologia e Inovação para Superar Desafios Globais e Escassez de Água”.

 

Burocracia derruba Brasil em ranking, disse Denise

O painel “Desafios da Biotecnologia Industrial no Brasil” teve a participação de Denise Ferreira, da Chemical Abstracts Service (CAS), divisão da American Chemical Society que mantém bases de dados de periódicos científicos. Ao apresentar um levantamento da situação da biotecnologia industrial no Brasil e no mundo, apontou os cinco líderes globais em atividades na área: EUA, Singapura, Dinamarca, Nova Zelândia e Austrália. Nesse ranking, o Brasil ocupa apenas a 47ª posição devido a alguns fatores, como o burocrático processo para o registro de propriedade intelectual. No entanto, ela ressaltou que, apenas três anos atrás, o país era o 36º colocado, o que demonstra uma queda expressiva de produtividade científica.

Outro participante do painel foi Bernardo Silva, presidente executivo da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI). Segundo ele, o Brasil precisa adotar um conjunto de medidas se quiser obter um protagonismo no cenário biotecnológico global. Entre elas estão desenvolver uma estratégia nacional para o setor, acompanhada de regulações modernas; criar um Conselho Nacional de Bioeconomia para desenvolver um planejamento de longo prazo; e comunicar de forma efetiva o potencial e os benefícios da biotecnologia.

 

LAUREADOS – Três ganhadores do Prêmio Nobel de Química conduziram sessões plenárias durante o Congresso: a primeira palestra, no dia 9, foi do alemão Robert Huber, contemplado em 1988 pela determinação da estrutura tridimensional de um centro de reação fotossintética. No dia seguinte, foi a vez da israelense Ada Yonath, ganhadora em 2009 pelo estudo da estrutura e função dos ribossomos. O escocês James Fraser Stoddart, vencedor em 2016 por seu trabalho com nanomáquinas, teve a sua sessão no dia 12.

 

Ada Yonath: farmacêuticas reduziram investimentos em pesquisas de novos antibióticos

Em sua palestra, Ada Yonath fez um alerta sobre a resistência crescente das bactérias a antibióticos e falou de suas pesquisas para o desenvolvimento de uma nova classe desse tipo de medicamento, a fim de que estes sejam seletivos e eficientes por atuarem diretamente nos ribossomos (estruturas onde são produzidas as proteínas das células), impedindo a replicação do DNA das bactérias.


Ada venceu o Prêmio Nobel justamente por seu trabalho na caracterização tridimensional do ribossomo, o que possibilitou a sua visualização e a compreensão de seu funcionamento.

“As grandes indústrias farmacêuticas diminuíram substancialmente seus investimentos em pesquisa de novos antibióticos diante do risco de serem ineficientes pela resistência. Então, nosso grupo resolveu investir esforços nessa linha”, disse Ada em sua conferência. “Hoje sabemos que a resistência a antibióticos existe e evolui mesmo que a pessoa nunca tenha tomado antibióticos. As bactérias querem viver”, enfatizou.

Assim como em todos os setores do Conhecimento, a Medicina é um dos campos em que a Química desempenha um papel fundamental desde a base na compreensão de estruturas moleculares e organismos celulares, ou na evolução de tratamentos e fármacos existentes, na descoberta de novas substâncias com propriedades desejadas e na inovação de tratamentos com base na nanotecnologia. “A Química é fundamental no desenvolvimento da Medicina e temos no Brasil dezenas de grupos com pesquisas de alta qualidade em diferentes aspectos da química medicinal”, afirmou Aldo Zarbin, da SBQ.

Outras sessões plenárias tiveram a participação de renomados pesquisadores, como Clare Grey, do Departamento de Química da Universidade de Cambridge, uma das maiores especialistas do mundo em trabalhos para tornar baterias de lítio mais eficientes; e David MacMillan, professor e pesquisador da Universidade de Princeton, que fez uma apresentação sobre suas pesquisas com a utilização de luz para desenvolver reações químicas mais sustentáveis e eficientes e também para criar novas reações.

A sessão de encerramento do seminário teve as presenças de James Fraser Stoddart, Prêmio Nobel de Química de 2016, do presidente do Conselho Diretor da Abiquim e diretor-presidente da Elekeiroz, Marcos De Marchi, e do presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), Aldo Zarbin. Os três destacaram em suas apresentações a importância de promover o relacionamento entre a indústria e a academia visando o desenvolvimento de inovações.

 

Segundo o presidente da SBQ, o evento reforçou o movimento que vem unindo a indústria química e academia nos últimos anos. ”Isso é um sinal de que estamos enxergando as coisas como elas devem ser. As universidades brasileiras produzem mais que 2% de toda a ciência química produzida no mundo, somos o 15º país em produção de artigos acadêmicos em química, com uma inclinação da curva muito positiva e o número de publicações na área química no Brasil cresce mais que a média mundial. A oitava maior indústria química do mundo e uma academia como essa não podem ficar separadas e a SBQ é responsável por fazer essa ligação. Nossos laços estão cada vez mais estreitos”, afirmou.

 

Stoddart: é preciso ter coragem e fazer escolhas que podem dar novas perspectivas à carreira

Stoddart afirmou que é preciso ter coragem e fazer escolhas que podem dar novas perspectivas à carreira. Seu relacionamento com a indústria aconteceu pela primeira vez de 1978 a 1981, quando tirou um período sabático do mundo acadêmico. “Acho que todos da academia e da indústria deveriam fazer isso como forma de ampliar seu conhecimento; foi uma experiência transformadora, pois brilhantes cientistas trabalhavam na indústria”.

 

Ele contou que experiências negativas podem trazer novas oportunidades de carreira e desafios. Por exemplo, sua mudança para os Estados Unidos na década de 1990 aconteceu devido a uma necessidade de buscar melhores tratamentos para sua esposa, que estava com câncer. “A mudança possibilitou entrar em contato com empresas norte-americanas que deram suporte à minha pesquisa”, lembrou. Após uma vida acadêmica premiada, criou duas startups: a Clycladex, que desenvolveu uma tecnologia para extração de ouro de forma mais sustentável, sem o uso de mercúrio e cianeto; e a PanaceaNano, que desenvolve soluções nas áreas de energia, nanoeletrônica, nanobiotecnologia e nanomateriais.

 

De Marchi defendeu o estreitamento das relações entre empresas e universidades

Marcos De Marchi, da Abiquim, defendeu o estreitamento das relações entre empresas e universidades. “Estou convicto de que a inovação na química depende da parceria entre academia e indústria e temos de chegar a uma relação mais próxima. Este evento é um excelente começo e sinal de que estamos na direção certa”.

Segundo disse o executivo, indústria e a academia têm em comum a busca pela pesquisa e inovação e isso tornará a Química nacional uma das mais brilhantes nos próximos anos, estimulando o aumentando a produção científica e tecnológica. Esse cenário, complementou, tornará as empresas nas mais competitivas, o que culminará na geração de mais empregos e benefícios para a sociedade brasileira.






Relação de Matérias                                                                 Edições Anteriores

 

Compartilhe:

Copyright CRQ4 - Conselho Regional de Química 4ª Região