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Jan/Fev 2015 

 


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Artigo - Crise hídrica eleva a importância da supervisão profissional
Autor(a): Wagner Contrera Lopes


iStockphotos

A água de abastecimento público deve atender aos requisitos de potabilidade, conforme estabelece a Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 2.914/2011, que dispõe sobre as principais formas de abastecimento de água para a população, ou seja, os sistemas compostos por estações de tratamento e distribuição de água e as soluções alternativas de abastecimento.

Segundo o ciclo hidrológico, as águas são classificadas em:

• Superficiais: rios, ribeirões, lagos (naturais ou artificiais), reservatórios de acumulação etc.;
• Meteóricas: chuva, neve, granizo;
• Subterrâneas: lençol freático, poços artesianos, fontes.

Seja qual for a origem, a fim de que seja disponibilizada para consumo da população, a água deve ser submetida a tratamento químico, pois a água pura, no sentido rigoroso do termo, não existe na Natureza, já que se trata de um ótimo solvente.

Quando a água se precipita sob a forma de chuva, por exemplo, as gotas dissolvem gases da atmosfera (oxigênio, gás carbônico etc.) e carregam outros materiais. O gás carbônico retirado da atmosfera acidifica a água, aumentando o seu poder solvente. Ao atingir o solo, uma parte dessa água corre pela superfície, outra se infiltra no terreno e o restante evapora-se. A água que corre sobre a superfície dissolve, em maior ou menor proporção, sais presentes nos minerais existentes no seu caminho.

A água também é acidificada quando entra em contato com matérias orgânicas em decomposição, mais frequentemente de origem vegetal, as quais liberam gás carbônico e outros, como sulfídrico, amoníaco etc.. O gás sulfídrico é transformado posteriormente em sulfitos e sulfatos, enquanto o amoníaco em nitritos e nitratos.

A matéria orgânica em decomposição libera também substâncias orgânicas coloridas, que são dissolvidas pela água ou postas em fino estado de suspensão (denominado “estado coloidal”), que colorem a água. Por outro lado, ferro e manganês podem estar associados a essas substâncias orgânicas, também formando cores. Além da capacidade solvente, a água também pode carrear materiais suspensos, que lhe conferem turbidez (redução da transparência).

A possibilidade do despejo de resíduos domésticos e industriais é outro fator que influi consideravelmente na quantidade de materiais que uma água contém, pois estes podem apresentar um número enorme de bactérias patogênicas, além de uma grande variedade de produtos químicos. Tal fator tem ação sobre as águas superficiais e subterrâneas, principalmente as que estão em lençóis freáticos.

Parâmetros - Os padrões de potabilidade fixam os limites gerais aceitáveis para as impurezas contidas nas águas destinadas ao abastecimento público. Esses padrões são determinados pela legislação vigente e devem atender a características específicas de qualidade.

No Estado de São Paulo, os sistemas de abastecimento de água mais comuns são compostos por estações de tratamento de água (ETAs) ou postos de cloração (PCs), definidos pelos respectivos administradores conforme a origem da água a ser tratada. Tanto nas ETAs quanto nos PCs, o tratamento irá variar de acordo com as características da água que, por sua vez, pode ser alterada em um mesmo posto de captação, conforme uma série de fatores, especialmente aqueles decorrentes das condições climáticas e da presença de poluentes, que podem variar diariamente.

Com base nas características da água a ser tratada, compete ao Profissional da Química definir as operações a serem realizadas (pré-cloração, coagulação, floculação, decantação, filtração, pós-cloração etc.), além de conduzir e orientar o tratamento, determinando em quais quantidades os produtos químicos deverão ser utilizados.

Em tempos como os atuais, em que passamos por um período de rigorosa estiagem, com os mananciais chegando a níveis alarmantes, a falta desse importante recurso propicia o aumento da concentração dos poluentes, tornando ainda mais delicado o processo que trata a água de abastecimento. Ou seja, mais uma vez torna-se fundamental a participação do Profissional da Química para tornar a água apta ao consumo humano.

Reúso - A atuação do Profissional da Química nesse área ganhou mais importância ainda diante da atual crise hídrica, que reduziu a níveis alarmantes os reservatórios paulistas. Isso porque a falta de perspectivas quanto à normalização do ciclo hidrológico, em curto prazo, já fez com que os gestores das principais cidades passassem a considerar a adoção de tratamentos químicos mais complexos dos esgotos visando sua conversão em água potável.

Em novembro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou a construção, na Capital, de duas estações para a captação de esgoto com a finalidade de transformá-lo em água de reúso. Campinas também vem considerando fortemente a adoção dessa mesma alternativa. 

Em entrevista ao Portal R7, o Engenheiro Químico José Carlos Mierzwa, professor da Faculdade de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP e coordenador de projetos do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água, explicou que a prática do reúso da água para fins potáveis é realizada em vários países, como Estados Unidos e Austrália.

De acordo com Mierzwa, há alguns anos, a Austrália passou por um problema de estiagem prolongada similar ao que ocorre na região Sudeste do Brasil. "E lá implantaram programas de reúso para fins potáveis. Funciona bem. A questão principal é como as pessoas aqui vão aceitar isso. Em outros países, a população dissocia o que é feito com o esgoto. A água é sempre reutilizada. Ela é sempre a mesma. Nunca muda. O que acontece é que há alguns processos naturais que permitem recuperar a qualidade dela. Só que isso demora muito tempo. Temos hoje, de forma artificial, meios de usar tecnologia para acelerar esse processo".

Devido à escassez do recurso hídrico, que poderá afetar a sobrevivência da espécie humana no mundo, alguns países como Estados Unidos, Catar, Alemanha etc já adotaram o reúso de efluentes de forma direta e indireta, confirma o Engenheiro Químico Jorge Lemos Correia, da Divisão de Operação de Esgotos Sul da Sabesp, e integrante da Comissão de Meio Ambiente do CRQ-IV.

Correia observa que a tecnologia do reúso tem avançado muito e seu objetivo e minimizar a escassez do recurso hídrico. "No Brasil, já há estudos que comprovam que reúso poderá ajudar a minimizar as graves consequências que falta de água provoca, principalmente na questão de saúde pública.

O tratamento de água de reuso, pode ser de duas formas:

Reuso de Efluentes Direto: ocorre quando os efluentes, após serem tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reúso, não sendo descarregados no meio ambiente.

Reuso de Efluentes Indireto: ocorre quando a água utilizada em alguma atividade humana é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada em sua forma diluída.



O autor é Engenheiro Químico e gerente do setor de Fiscalização do CRQ-IV. Contatos pelo e-mail: fiscaliza@crq4.org.br.








Clique aqui para ler o artigo da gerente do Departamento Jurídico do CRQ-IV, Catia Stellio Sashida, a respeito da decisão judicial que obriga a Sabesp a manter registro no CRQ-IV e a indicar Profissional da Química para responder tecnicamente por suas unidades.





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